terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

SAUDADES... DE MIM

A festa comia solta.
Pessoas selecionadas, aquela mistura in-fa-lí-vel, atletas, artistas, intelectuais, ricos, famosos e ...eu. Em qual categoria eu fui inserida? Qual dos grupos era o meu? Por que fui convidada?
Sempre tive esse negócio esquisito de não pertencer a qualquer lugar ou pessoa.
Não é que me sinta deslocada, socializo, me entroso, faço sala. O nó da questão é a superfície.
Sou só eu ou alguém mais acha que as relações estão rasas, periféricas, ocas?
Ultimamente, pelo que tenho observado, nada tem vida útil que ultrapasse um ou dois meses.
Não se aprofunda mais nada, não há tempo prá parar e descobrir. Não há vontade de conhecer e, talvez, gostar do que conheceu.
Viramos o coelho da "Alice no País das Maravilhas", sempre correndo atrás do tempo, com medo de perder o próximo trem que vai nos levar a felicidade seguinte.
Gostaríamos de ser onipresentes, assim não perderíamos nenhum evento, nenhuma ilusão de alegria, ocuparíamos todos os espaços, corações e mentes.
Seriamos famosos, solicitados  e, ilusoriamente, amados.
E nenhum cansaço nos derrubaria porque teríamos o energético da hora prá nos animar.
Só de pensar nisso, fico exausta.
Então, no meio dessa balbúrdia, onde ninguém se ouve e, também, não tem nada a dizer, me transportei para uma ilha no meio do nada. Viajei prá dentro de mim, abstraí em vez de sair dali. 
Enquanto todos queriam ser vistos eu era a única que os via, conscientemente.
Que mundo é esse? Que povo é esse? Onde querem chegar? Onde vão parar?
Uma massa uniforme, todos belos, sarados, bem vestidos, perfumados. Mas quem são, realmente, o que pensam, o que querem?
Têm sonhos, desejos, amam alguém, são amados?
Impossível conhecer suas fraquezas, inseguranças, medos, ninguém se interessaria por um ser humano. Vejo olhares trocados, avaliações puramente comerciais, sinais truncados.
Não consegui entender metade do que me falavam porque não havia diálogo e, sim, marketing.
Todos se vendiam através de lentes coloridas, eram solidários, generosos, alegres, despreocupados, abertos a qualquer coisa, todos, eu disse, TODOS, estavam de bem com a vida. Agora, pergunta se alguém ouvia o que o outro dizia? Nem por um decreto!
Estavam pensando no que dizer de interessante na próxima brecha. Ai, que cansaço!
Sou do tempo em que a gente ficava "na fossa", chorava amores perdidos, relações se aprofundavam. Do tempo em que se conhecia, pelo menos um pouco, o outro, porque interessava o que era dito.
Ouvia-se, enfim.
Não sou saudosista, não olho prá trás e meu tempo é sempre hoje mas... Cá prá nós, que buraco sem fundo é esse? Quando o umbigo vai deixar de ser o centro do universo? E, vamos combinar, ninguém é mais importante do que o outro, cada um é, pode ou deveria ser um mundo de riqueza e possibilidade. Mas se fecham num curral onde todas as espécies são iguais, onde não existe diferença.
Alô!!!!!!! Mirem-se na natureza, a diversidade é que é o must. Permitam-se, mostrem quem são, deem a cara ao soco, se necessário. Uma pancada pode ser educativa e o travesseiro vai agradecer uma cabeça mais leve que se deite nele.
Não sou especialista em nenhum assunto mas sou boa aluna e a chamada "escola da vida" ensina a quem quer aprender. Eu ainda quero e procuro espalhar o que me parece ser o ensinamento mais precioso, que me foi passado por um pai sábio: "Tudo na vida pode acabar antes do nosso fim, beleza, dinheiro, poder, tudo, exceto o que conservamos em nossa mente, isso é prá sempre."

4 comentários:

  1. E como minha mãe em sua peculiar sabedoria me disse várias vezes durante sua permanência por aqui: "Podem tirar tudo de nós, mas a experiência, sabedoria e instrução, isso jamais será levado." E ainda discordo em um ponto...só nos é tirado o q deixamos tirar.
    Concordo com tudo q escreveu e vejo tbm a nossa responsabilidade em deixar o vazio e a futilidade crescer nas pessoas...dá preguiça de tentar, nem q seja aprofundar, um simples papo com uma pessoa "rasa". A troca rica está rara hj em dia e o desinteresse das pessoas pelas próprias pessoas está cada vez maior.
    Muito triste tudo isso, pois não há nada mais pderoso e rico do q a essência de cada um.
    Tia, vc me inspira a cada dia em não me deixar levar pela indiferença de construir o meu eu e buscar quem eu sou! Obrigada por ser tão presente e me transmitir tanta sabedoria e paixão pela vida!!!
    Bjs

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  2. Mãe,
    Fico boba com tudo que vc escreve!
    Me emociona sempre!
    Quanto orgulho de você!!
    Te amo demais!

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  3. O engraçado é que eu abri o link porque ví as meninas comentando mas não tinha noção do que se tratava. Eu lí o texto e achei genial! E só aí é que eu ví o seu nome no final da página, Angela! Amei e tô ansiosa pelo próximo post!
    Bjs da filha adotada!

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  4. Mas chega de falar das suas ideias, vamos falar das minhas agora?! :))

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