sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

COM PERDÃO DA MÁ PALAVRA

Outro dia, me perguntaram qual era o meu estilo.
Fiquei em dúvida, não sabia se seria clean ou despojado.
Optei por nenhum estilo, dependia da ocasião.
Mas a pergunta era sobre o que escrevia. Se era cronica, contos, poesia, prosa.
E a resposta foi, exatamente, a mesma.
Sei lá eu classificar o que escrevo! Escrevo o que o santo pede: ficção, realidade, bobagem.
Não sou escritora por formação, não fiz nenhum curso de redação ou faculdade de letras.
Reconheço que meu português é medíocre: vocabulário limitado, ortografia sofrível, gramática capenga e por aí vai. Uso a acentuação pedindo perdão. Por isso, queria saber muito bem inglês, seria muito mais fácil escrever em um idioma sem tantas regras. Infelizmente, sou um desastre bilingue. 
Acontece que sou atrevida e me jogo no fogo.
Escrevo porque gosto, porque preciso despejar esse monte de palavras que se formam, diariamente, em minha cabeça.
Escrevo porque as letrinhas me convidam pra dançar e eu aceito.
Não tenho pudores em expor minhas limitações, nem medo de ser criticada.
Simplesmente, escrevo.
A outra pergunta era a quem eu queria atingir, qual público seria o meu alvo.
Parecia uma estratégia de guerra! Não sou míssil, sou mais bala perdida, livre atiradora.
Vou disparando meus garranchos e, se atingir alguém, esse é o público.
Não premedito, deixo o santo baixar, incorporo e a entidade se manifesta.
Embora adore lidar com as palavras, não tenho a mínima pretensão de ser "A ESCRITORA".
Não me acho tão especial, assim.
Nenhuma crítica a quem se dedica à escrita e faz disso sua missão, mas sou, simplesmente, o que Vargas Llosa diz de si mesmo, uma escrevinhadora. E olhe que, quem desmistificou o ato de escrever, foi o Prêmio Nobel de Literatura!
Escrevo pra botar ordem nas gavetas, desentulhar as prateleiras, abrir espaço no armário pra novas coleções de idéias.
Tenho a impressão que, se não escrevesse, me afogaria em letras, palavras, sufocaria em coisas não ditas, ou impossíveis de verbalizar, a não ser em forma de ficção.
Sou conversadeira, curiosa, interessada, mais ou menos informada. Gosto de livros, gosto muito de ler, sou compulsiva, leio, inclusive, obituários e classificados!
Bula de remédio é leitura obrigatória, em compensação, manual de instrução, não tenho a menor paciência.
Escrevo para manter a sanidade, para manter a loucura sob contrôle, embora saiba que a lucidez é uma loucura disfarçada.
Quando me sento pra escrever, me transporto para um outro lugar, só meu, onde posso derrubar meus muros, apesar de todas as limitações já descritas.
Meu mundo vira de cabeça pra baixo, minhas palavras fazem sentido, minha imaginação rompe a barragem e me sinto tão feliz em fazer o que gosto que não me importo se rirem ou não levarem a sério. Na verdade, não é para ser levada, mesmo.
Procuro brincar com a minha rabugice, com meu mau ou bom humor, nem sempre consigo.
Mas, se procuro alguma coisa ao escrever, seria isso: não carregar na dor, no pessimismo, virar o avesso das coisas e tentar enxergar a ironia, a brincadeira.
Não se trata de estilo, corrente, nicho, turma, seguidores, leitores, admiradores, toda essa estrutura que o escritor profissional precisa pra ser vendável.
Pra mim, escrever é soltar as feras, dançar nua, beber a vida, liberar a Pomba Gira, profanar o sagrado, virar cambalhota de saia e mostrar "as vergonhas".
Escrever me libera da obrigação que me imponho de ser reta na vida. Viro estrada sinuosa, tufão de sentimentos contraditórios, me dispo de convenções, mudo de figurino e paisagem quando quero, viajo na doidice, me encontro nas palavras.
No fim, acho que escrevo pra mim, sou meu público alvo.
Mas, se houver alguém que goste de ler o que escrevo, significa que não estou sòzinha nesse mundo de Deus, que tem mais uma pessoa, que seja, que entende o que quero dizer e se diverte, ou não, com minhas bobajadas.
Peço desculpas pelas mal traçadas linhas, mas me divirto à beça nesse espaço!
Vou continuar cometendo a heresia de despejar letras ao léu.
E que Deus me perdoe!

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