sexta-feira, 4 de março de 2011

É HOJE!

A farra vai começar! Sexta feira de carnaval!
"Carnaval, desengano, deixei a dor em casa me esperando."
Nesses dias, somos livres, eufóricos, bêbados sem donos.
A fantasia encobre quem somos. Seremos, durante esses dias, quem inventarmos ser.
Seremos palhaços, diabinhos, tiroleses, mendigos, reis, seremos outros.
Carnaval é dizer adeus à nossa máscara, ao figurino, ao cotidiano.
Dizer adeus ao que nos segura o vôo, às inibições, aos limites.
Adeus à racionalidade, adeus aos freios, adeus.
Durante o carnaval tudo é possível.
"Vou beijar-te, agora, não me leve a mal, hoje é carnaval".
Amores acontecem, nem que durem quatro dias, uma noite, um minuto ou uma vida.
Soltamos as amarras, crianças grandes que somos e reprimimos, nos travestimos e representamos nossos sonhos, o que gostaríamos de ser.
Carnaval é permissão pra loucura aflorar e desembestar.
Vamos às ruas e aos bailes procurando o proibido, esquecemos nossas resistências morais, derrubamos os muros que nos aprisionam durante o resto do ano.
Uma grande confraternização de presos, libertos de convenções e classes.
Rico vira figurante em escola de samba. Pobre vira destaque, vira Rei, se cobre de brilhos e alegria.
Homem vira mulher, mulher vira homem, em uma permitida troca de papéis.
Corpos se exibem, se oferecem, sem culpa, sem identidade.
"É hoje que eu vou me acabar."
Viveremos esses dias como se não houvesse amanhã. Dormiremos pouco, beberemos muito, dançaremos sempre e cantaremos músicas e pessoas. O que cair na rede, é peixe.
Na festa pagã que começa hoje, temos licença pra fazermos todas as besteiras que evitamos fazer quando estamos sem a proteção do carnaval. Beijar bocas improváveis, transar com desconhecidos que, fora do carnaval, jamais nos atrairiam, fazer amizade com foliões próximos, brindar à alegria de ser anônimo, de ser mais um nessa multidão desvairada.
"É ou não é, piada de salão?"
Seremos despudorados, desbocados, desequilibrados, seremos fingidos, volúveis, fantasmas que desaparecerão em breve.
Perderemos a memória, de propósito, por excesso de bebida ou por vergonha dos excessos, mas será só uma mentirinha de carnaval. Não haverá cobranças  porque, afinal. a doidice é geral, o hospício é a rua e os loucos somos todos nós.
Seremos "Maria Escandalosa", "Pirata da perna de pau", esperto Arlequim, ingênua Colombina,"Mulata Bossa Nova", seremos todas as músicas e todas as letras, seremos, samba, marcha, frevo, maracatu, marcha rancho, seremos norte e sul, seremos o mundo com odaliscas, beduínos, tiroleses, seremos caricatos, exagerados, seremos o que a loucura quiser que sejamos, padre, freira, dançarina de can can, prostituta.
Carnaval é um encontro coletivo, um único objetivo mobiliza os foliões, divertir-se até a festa acabar.
Alguns interpretam erradamente o conceito da folia e desrespeitam o ambiente, são grosseiros e vulgares, acham que não podem ser repelidos em suas investidas, ofendem e agridem. Para esses pretensos foliões (porque fogem ao espírito momesco), o carnaval é a oportunidade de serem quem realmente são, arremedo de gente, boçais, intolerantes e egocêntricos. Se escondem na fantasia achando que não serão reconhecidos. Infelizmente, essas pessoas existem e fazem tudo pra impor suas, indesejáveis, presenças.
Cabe a nós, verdadeiros adoradores dessa grande festa, manter a calma e a alegria, mandando pra p?#@ que P*$+u esses Exus!
Evoé, macacada!

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