domingo, 22 de abril de 2012

DO LADO DE FORA

Tenho pena de quem acha que sabe tudo.
Tenho compaixão por quem pretende ser o dono da verdade.
Pessoas que têm todas as respostas, ou acham que têm, se fecham para o outro, para o mundo, para a vida.
Se encapsulam no seu pretenso conhecimento para não admitirem que têm muito, ainda, o que aprender.
Fechar os olhos para o que acontece em volta não faz uma pessoa mais sábia ou feliz.
Ao contrário. Isola qualquer chance de aumentar seu mundo interior.
Conseguem se relacionar com pessoas estreitas, curtas, que acham que só existe a sua realidade, ignorando que a realidade é de cada um, soma de experiências distintas. Minha realidade é diferente da sua, que é diferente da do meu vizinho, que é diferente da de outra pessoa. Não é um valor absoluto, nem poderia ser.
Cada um comporta um mundo em si mesmo e é compartilhando e aceitando as diferenças que crescemos, expandimos nosso universo mental e emocional.
Não quero julgar quem fechou a cabeça para o novo, para o desconhecido.
Se é assim que consegue administrar sua solidão, mesmo que povoada, eu entendo.
Mas continuo achando uma pena, triste mesmo, rejeitar, por não entender ou aceitar, pessoas interessantes, inteligentes, amáveis, em seu convívio, por serem território desconhecido.
Há um medo implícito, um preconceito latente, um pavor de perder o discurso se aceitar o que o tiraria da zona de conforto.
O "eu sei" é arrogante, prepotente, o "eu não sei" é instigante, pulsante, ávido. Impulsiona, desafia.
Só quando a cortina final se fecha, determinando que o último ato acabou, é que termina a busca por conhecimento. Até lá, a vida se impõe e merece ser vivida, já que é de graça.
Pessoas limitadas afetiva, intelectual e psicologicamente, fechadas em um mundo acabado, formatado, restrito, bastam-se e não permitem a entrada do vento de mudança.
Suas vidas são trancadas a sete chaves, não renovam o ar. O mofo da estagnação cobre todos os espaços que poderiam ser cultivados se, por acaso, abrissem uma janela para permitir que uma réstia de sol começasse uma invasão de calor.
A arrogância do saber tudo e não precisar conhecer mais nada, não é nada mais do que medo de perder o chão.
Eles não sabem- porque acham que sabem tudo- que o chão em que pisam é árido, porque caminham sós, é seco, porque não há vida para irrigar, é duro, porque não aceitam que possa existir outro solo que não o deles.
Caminharão sòzinhos, com suas certezas, convicções e estreitezas para o único lugar possível de acolhimento: seus egos deformados pela falta de visão, por se imaginarem suficientes, por não entenderem que mundos diversos não precisam, necessariamente, se chocar. Podem ser complementares, harmoniosos. Mas é preciso ter coragem para derrubar a muralha e enxergar, nem que seja por uma pequena fresta, que há um mundo maior que o seu, do lado de fora.

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