quinta-feira, 8 de março de 2012

DE CORPO INTEIRO / RETRATO

Um olhar, enviesado.
Um sorriso, desconfiado.
Um tocar, atrapalhado.
Um gostar, envergonhado.
Um carinho, represado.
Um beijo, abortado.
Um corpo, acalorado.

Frases, mal formuladas.
Palavras, profanadas.
Ações, mal cuidadas.
Silêncio.

Mente, inquieta.
Alma, retorcida.
Dores.

Querer e não saber,
se quer o que sabe que tem.
Saber que o que se quer,
tem um preço, ao se ter.

Pagar prá ver ou
ter sem pagar?

Nascer e morrer
e, no meio, viver.

E nessa vida, no meio,
responder, afirmar, sentir, amar.

Ser menina, ser mulher,
ser louca e recatada,
ser perdida e procurada,
ser cama e mesa,
ser o que nem sabe que é.

Enxergar, não só ver.
Ouvir, não só escutar.
Dizer, não só falar.

Percorrer a estrada do corpo,
buscando a explosão que destrói represas,
que causa enchentes e desatinos.

E sorrindo, morrer um pouco, de tanto prazer.

2 comentários:

  1. O percurso de uma vida foi o que vc acabou de descrever.
    Fazendo uma junção com o seu texto "Última chamada" hj as pessoas estão escolhendo uma pseudovida com receio de arriscar e fracassar. Com isso, elas não têm q lidar com a frustração. Realmente, uma pena!!!

    Não poderia faltar um texto inspirador seu no nosso dia!!!

    Bjs, Tia!
    Ale

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  2. Oi Angela,

    de Corpo inteiro/Retrato e quanta competência!

    Gosto de poesias assim, com ritmo, zigue-zagueando,serpenteando, ligando palavras às emoções e enviesado,desconfiado, atrapalhado, represado, abortado, acalorado.

    Enfim, tudo interligado.

    É tem muito mais para ver aqui, e quero ver!

    Um abração carioca.

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