terça-feira, 27 de janeiro de 2015

CONSIDERAÇÕES

Considerando que a estrada é longa e os passos curtos, o tempo de caminhada parece eterno.
Considerando os percalços, os tropeços, a rota errada, a chegada parece impossível.
Considerando as esquinas, os sinais de atenção e pare, o trânsito interno, desanimar parece o certo.
Considerando que mais da metade do trajeto foi feito, dá vontade de dar-me por satisfeita.
Considerando que a vida segue, apesar de mim, deveria desistir.
Considerando tudo isso e mais a dificuldade de respirar o ar que me rodeia, penso no que me resta.
Reagir, renascer, recalcular, reprogramar uma vida que se estende e não sei onde vai dar.
Considerando que é só o futuro que está à minha frente, que surpresas agradáveis ou desagradáveis me esperam, que a confiança que me abandonou por um tempo, vai voltar fortalecida, que as coisas são como são e não como queria que fossem, que tenho o direito e o dever de prosseguir.
Considerando quem sou e quem queria ter sido, estou em paz.
Sofro, choro, abro e fecho essa ferida incurável, sinto a dor que parece interminável e chamo a isso de estar viva.
Passo por mais uma prova de resistência, aprendo a redirecionar minha vocação.
Considerando que minha vocação não é tão somente ser feliz, é muito mais que isso, é ser justa, verdadeira, fiel, confiável e, sim, amar quem possa ser e não quem possa ter.
Considerando que erros e acertos são aprendizado,
Considerando que não importa o que a vida faz comigo e sim o que faço dela,
Considerando que meus pés cansados e minha roupa rota são só o resultado de uma vida que valeu a pena,
Considerando prós e contras, considerando que minha fortaleza vai ser reerguida, considerando que as pedras no caminho podem ser removidas,
Começo a considerar que é bom a estrada ser longa e os passos curtos.
Demoro mais a chegar, em compensação tenho mais tempo para apreciar o que vem pela frente.
Vejo que existe chuva, mas percebo o sol querendo romper a nuvem negra.
Sinto frio, mas tenho a certeza que o calor vai voltar.
Sento à beira da estrada, deixo o silêncio soprar o indizível em meus ouvidos.
E, se não bastar tudo isso, me cubro com o manto das estrelas e espero amanhecer.

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